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Síndrome da Transfusão Feto-Fetal

Informações Gerais, Transfusão Feto-Fetal
09/09/2016 | 21115 Visualizações |

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A síndrome da transfusão feto-fetal (STFF) é uma complicação rara e grave que acontece em gestações monocoriônicas e diamnióticas (quando existe uma placenta e duas bolsas). Caso você tenha transfusão feto-fetal pode entrar em contato pelo nosso formulário de contato. Conexões vasculares entre a circulação dos bebês fazem com que o volume de sangue fique desigual entre os bebês. Enquanto um bebê tem um pequeno volume de sangue o outro tem um volume excessivo. O gêmeo doador tem pouco sangue e portanto pouco líquido amniótico enquanto o gêmeo receptor tem o volume excessivo e tem muito líquido amniótico.

A síndrome da transfusão feto-fetal é uma doença da placenta e não dos bebês. Ela afeta cada gêmeo de uma maneira diferente. O gêmeo doador produz pouca urina, tem o crescimento abaixo do esperado e é anêmico. Já o gêmeo receptor produz bastante urina, cresce dentro do esperado ou um pouco acima do esperado e é policitêmico (tem muito ferro no sangue). O excesso de volume sanguíneo no gêmeo receptor pode causar uma insuficiência cardíaca em função da sobrecarga.

Placenta de Transfusão Feto-Fetal Estadio I

Figura 1 – Placenta de gestação gemelar monocoriônica complicada pelo Estadio I de transfusão feto-fetal. Artérias estão coradas em azul ou verde enquando as veias estão coradas com laranja ou amarelo. Uma grande anastomose artério-arterial (4.3 mm) é vista no meio da placenta (detalhe da anastomose no canto superior direito da imagem). As estrelas em verde indicam anastomoses veno-venosas, a estrela branca indica uma anastomose artério-venosa e as estrelas azuis mostram anastomoses veno-arteriais. Fonte: reserachgate.net

Prognóstico na Síndrome da Transfusão Feto-Fetal

Sem tratamento a síndrome da transfusão feto-fetal pode ser fatal para ambos os fetos. Quando ocorre óbito de apenas um dos bebês a chance do sobrevivente ter sequelas neurológicas é grande. A cirurgia fetal pode ser necessária para tentar salvar a vida dos bebês. O ideal é que quando exista indicação de cirurgia esta seja feita o mais breve possível pois o óbito dos bebês pode ocorrer de maneira súbita e imprevisível.

Estadiamento da Transfusão Feto-Fetal

A doença pode ser estadiada conforme proposto por Quintero em 5 diferentes estadios:

  • Estadio I – diferença significante de líquido amniótico na bolsa de cada gêmeo, um com pouco líquido enquanto o outro tem líquido em excesso;
  • Estadio II – não é possível ver a bexiga do feto doador, enquanto o receptor tem sempre a bexiga bastante cheia;
  • Estadio III – existe uma alteração no fluxo sanguíneo de pelo menos um dos bebês;
  • Estadio IV – pelo menos um dos fetos começa a ficar inchado, condição conhecida como hidropisia fetal;
  • Estadio V – quando ocorre óbito de um ou dos dois fetos

Quais são as opções de tratamento para a Síndrome da Transfusão Feto-Fetal?

Existem algumas opções de tratamento para a Síndrome da Transfusão Feto-Fetal e a recomendação de qual utilizar poderá depender da gravidade de cada caso. Para os casos mais graves (Estadio II em diante) o tratamento de escolha geralmente é a cirurgia fetal com ablação de vasos placentários com laser por via endoscópica. Este tratamento pode ser realizado no Hospital de Clínicas da UFPR, veja no vídeo abaixo.

Tratamento Expectante (Monitoramento da Gestação)

Em casos menos graves, a opção pode ser apenas monitorar a evolução da gestação. Neste caso o ultrassom é utilizado para monitorar o que acontece com os bebês em intervalos que podem ser de uma a três semanas.

Amnioredução (Retirar o excesso de líquido amniótico)

Outra possibilidade, em casos menos severos, é a retirada de líquido amniótico do bebê receptor. Isto pode melhorar o fluxo sanguíneo e a condição dos bebês. Em casos aonde a amnioredução não for eficaz pode-se recomendar o tratamento com cirurgia.

Ablação de Vasos Placentários com Laser por via Endoscópica (Cirurgia com Laser)

Tratamento Transfusão Feto-Fetal

Figura 2 – Tratamento da transfusão feto-fetal com laser.

Em casos mais graves de transfusão feto-fetal pode estar indicado a ablação de vasos planetários com laser por via endoscópica. Este procedimento requer uma pequena incisão no abdômen da mãe (cerca de 0,5 cm) para inserir um pequeno tubo de metal dentro da cavidade uterina. Por este tubo o cirurgião irá colocar uma câmera de vídeo e uma fibra ótica. Por meio disto ele será capaz de identificar as ligações sanguíneas da placenta (anastomoses) e aplicar o laser para fazer com que estas ligações se interrompam. Depois disto o excesso de líquido amniótico é drenado da cavidade do feto receptor.

Prognóstico para a Síndrome da Transfusão Feto-Fetal

A síndrome da transfusão feto-fetal comumente causa o parto prematuro, mesmo quando o tratamento é realizado com sucesso. Neste caso os bebês podem precisar de tratamento especializado na unidade de terapia intensiva neonatal (UTI neonatal).

A maioria dos bebês tratados de transfusão feto-fetal cresce normalmente e vive uma vida normal. Entretanto alguns casos podem apresentar algumas complicações como distúrbios do crescimento intra-uterino ou anemia. Existem também casos de complicações mais graves como lesões cerebrais e insuficiência cardíaca. Todos os casos de transfusão feto-fetal são complexos e requerem acompanhamento de longo prazo.

Referências

  1. Colorado Fetal Care Center
  2. The Twin to Twin Transfusion Syndrome Foundation
  3. Cincinnati Fetal Center
  4. Fetalmed Medicina Fetal – Síndrome da Transfusão Feto-Fetal